A moda pode ser usada para expressar tantas coisas…há quem diga que ela é sempre supérflua. mas pode transmitir diversas mensagens e servir como uma ferramenta de ativismo. A moda militante existe.
Devemos lembrar que somos parte desse todo que se situa a moda militante, isso diz respeito a tudo aquilo que consumimos e até o que escolhemos vestir. No momento atual é tão importante mostrarmos que somos a parte de esperança no mundo, uma parcela de pessoas que querem igualdade e o melhor para tudo e todos.
Mas aí você se pergunta, mas o que temos feito ou podemos fazer como essa parcela? O post de hoje tem o intuito de dissipar essa dúvida e, quem sabe, você possa deixar seu comentário aqui com sugestões e outras idéias que se encaixem no assunto sobre moda militante.
1. Vestindo a Causa
Parece pequeno, mas usar camisetas com frases impactantes mostram um pouquinho de quem nós somos e pelo que ou quem lutamos. Isso impacta de maneira natural e pode fazer alguém que passa por você, na rua, refletir sobre determinado assunto ou até mesmo criar uma empatia com você!
Diversas marcas vem fazendo isso, como por exemplo a Pandora T-shirts,Chico Rei,Vandal e a 787 Shirts.
2. Se eu compro é porque sei quem fez
Não é novidade sobre quantas marcas utilizam o trabalho escravo, volta e meia vemos casos de escravidão contemporânea pelos noticiários e isso é muito sério. É triste vermos marcas que amamos usando mão de obra irregular. Mas, temos que fazer nossa parte, que é não consumi-las.
Sabemos que algumas marcas como Zara, Riachuelo e até grifes como Le Lis Blanc foram inseridas nessa lista de trabalhos irregulares – e vamos e venhamos né pessoal, eles já não faturam o suficiente, precisam mesmo disso?
E aqui vai uma dica, o aplicativo Moda Livre tem o status de diversas marcas e mostra se o trabalho é realmente regular ou não, está disponível para Android e iOS.
O status é definido pelas cores verde, amarelo e vermelho, que mostram em que nível a empresa tem comprometimento com seus funcionários, isso é feito por meio de um questionário executado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) – e os que não quiseram responder a pesquisa, bom…a gente já imagina que boa coisa não é.
3. Reutilize o inutilizável
O termo Upcycling vem sendo bastante utilizado e é muito importante dentro da moda militante. Se trata de um processo um pouco diferente da reciclagem, que acaba usando agentes químicos, na prática, consiste em transformar materiais ou resíduos têxteis que não servem mais para alguém ou para alguma marca, em peças de roupas, o que acaba sendo beeem mais sustentável.
O resultado? São peças extremamente exclusivas e únicas, pois podem ser utilizados os restos de materiais com uma estampa que você nunca mais pode encontrar, um tecido raro, uma modelagem que só foi permitida com aquele mix de tecidos, etc. Como exemplo desse nicho posso mencionar as marcas Farrapo Couture, que usa resíduo têxtil e roupas vintage, a Comas e a Resgate Fashion.
4. Eu me vejo naquilo que representam
Representatividade é tudo. Você consegue se sentir representada naquela marca de roupa que você tanto gosta, compra ou admira? Isso tem sido essencial para o consumidor e – ainda bem – tem sido cada vez mais presente no mercado.
Vou começar exemplificando belas marcas que não são de roupas casuais e sim, de roupas Fitness. Porque nós sabemos que quem pratica exercícios não necessariamente tem belos corpos malhados ou magros, as pessoas podem simplesmente gostar de praticar algum esporte ou até mesmo usar as roupas para compor seus looks.
A marca Chromat aborda de uma maneira visual muito legal o conceito e incluiu o conceito LGBTQ+ no esporte em um dos últimos NYFW e em suas campanhas. A marca GRRRL também faz muito bem isso – e eu me senti pela primeira vez representada com essas marcas!
Outro tema que tem tido cada vez mais importância e visibilidade é o racismo, lá em 2018 a marca Pyer Moss retratou a exploração do negro nos EUA e trouxe isso por meio do seu desfile que celebrou a cultura negra. Para começar, o cenário onde aconteceu foi no Brooklyn, em Weeksville (bairro fundado pelo afro-americano James Weeks em 1838), ao som de um coral gospel.
O desfile nomeado “American, Also. Lesson 2”, tem inspiração em um guia de viagem, utilizado nos anos 30 aos anos 60, que mostrava quais lugares os negros eram bem vindos.
Já marca Eckhaus Latta sempre buscou a diferenciação em seus desfiles e sua representatividade quanto aos corpos exibidos na passarela, escolhendo frequentemente lugares não convencionais para o seus desfiles.
Já aqui no Brasil, também temos marcas que trazem representatividade quanto aos corpos e cultura. Podemos exemplificar a LAB, marca dos rappers Emicida e Fióti, onde seus desfiles sempre abordam temas ligados a cultura afro, utilizando modelos de diferentes estilos, corpos e cores.
Outra marca que traz corpos de verdade em suas campanhas e busca sempre prezar pelo conforto é a Violet Intimate, uma marca de Lingerie de Florianópolis – SC que sabe muito bem retratar o seu público alvo: mulheres de espírito livre.
O estilista Ronaldo Fraga dá um show quanto aos seus desfiles, além de sempre procurar trazer poesia e assuntos críticos a eles, eventualmente traz a passarela idosos e também, em 2017, trouxe diversos gêneros em um lindo e emocionante desfile de roupas e lingeries e, modestamente, são lindos de se ver!
A moda pode realmente ser ótima ferramenta de fala, não é mesmo? Utilizar essas dicas pode fazer você sentir que está fazendo sua parte, assim como aprender que a indústria da moda que preza pelo consumo excessivo e pelos corpos plásticos está totalmente demodê!